terça-feira, 26 de maio de 2009

Em defesa do culto doméstico

Ninguém estaria pronto a abrir mão do fato que Deus e a família são prioridades para nós. Entretanto, prontamente estamos abrindo mão deles na prática.
Alguns, pelo uso de uma exegese falaz do Salmo 84.3 que diz que a casa do pardal (o templo de Deus) é o altar de adoração do salmista, têm feito da casa de Deus sua casa e vivido a vida cristã somente dentro de suas paredes. Antes fosse verdade que a casa de Deus se tornasse nossa casa. Melhor seria se levássemos algo da casa de Deus para a nossa, e que essas tais coisas, não fossem fios do som, encordamento de instrumento ou objetos pequenos de uso geral, mas a preciosas verdades ali proclamadas.
Estamos prontos a admitir a necessidade e a validade do culto doméstico para a vida espiritual,  tanto nossa vida, quanto da igreja como um todo. Mas não há perceptível prontidão em pô-lo em prática. A quantidade de problemas espirituais, morais e éticos na igreja que o ateste...
Estamos, como sempre, prontos a concordar, na teoria, que a prática do culto doméstico é importante para o nosso relacionamento com Deus. Mas o que encontramos são pessoas aliviadas por estarem na igreja, só porque não estão no ambiente de sua casa. A casa é tão terrível, que a casa de Deus torna-se um abrigo anti-guerra. A menos que você seja o único cristão de sua casa, isso é inadmissível.
Lembremo-nos dos coletivos: reunião de cães? Matilha! Reunião de papéis? Resma! Reunião de uvas? Cacho! Reunião de abelhas? Enxame! Reunião de Cristãos? Igreja... A igreja não é aquele prédio construído especificamente para o povo de Deus se reunir. É, antes, a reunião do povo de Deus naquele loca, em qualquer local que seja. Com o devido respeito à língua materna, mas A IGREJA SOMOS NÓS!
Quando pai, mãe e filhos crentes se reúnem na sala, a igreja está lá, pois o quorum mínimo exigido para tanto (Mt 18.20) se faz presente. Nada impede o culto doméstico na presença do Deus de amor; a menos é claro que a reunião em questão seja apenas de pai, mãe e filhos membros de igreja e não cristãos de fato! É por isso que não dá para ir à igreja, têm que ser Igreja!
Que ninguém pense que tais palavras nascem de um coração que encontrou facilidade na implementação e manutenção do culto doméstico! Esta tarefa pesa sobre os nossos ombros cristãos, mas não é tarefa fácil.
Em tempo, ressalto que a dificuldade não provém da tarefa sobre nós imposta por Deus, pois seus mandamentos não são penosos ( I Jo 5.3); nem está distante de nossa capacidade como algo realmente difícil (Dt. 30.11). O que torna o mandamento, por vezes, impraticável, é nossa natureza decaída e tendente ao mal, rebelde contra os preceitos do Senhor, desejosa de indolente e pecaminosa quietude e falso descanso.
Não é difícil ver como sofremos porque desobedecemos preceito tão saudável à nossa vida espiritual. Mas, praticamente falando, preferimos não nos cansar e fatigar por alguns anos, depois de uma jornada cansativa de trabalho, para educar nossos filhos na lei do Senhor, ou gozar de momentos ímpares com nossos pares para desfrute da Palavra de Deus; mas padecer longos e intermináveis anos de angústia por ver nossos queridos afastados das pastagens verdes do Pastor Jesus. E aí, restar-nos-á somente as lágrimas...
Que fique claro que os culto domestico não é a resposta para todos os nossos problemas, nem é ele um redentor de nossos laços familiares quebrados. Mas é evidência de uma vida que aprendeu a vencer estes problemas e a reestabelecer estes laços.

Pastor Jônatas Abdias de Macedo
Publicado no Pensamento Cativo 07/2007

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