sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Entendendo e acolhendo a bênção de Deus

Hoje vamos estudar o capítulo 25 do livro de Gênesis. É neste capítulo que encontramos a conhecida história em que Esaú, enganado por seu irmão, desprezou seus direitos de primogênito e os vendeu ao seu irmão gêmeo mais novo Jacó por um prato de lentilhas vermelhas.

Este é um texto curioso e rico. Para que as lições deste precioso texto sejam recebidas, precisamos conhece-lo melhor:

Em Gênesis 25 a trama da história da redenção está em transição. O personagem principal, que vinha colorindo os capítulos anteriores, Abraão, sai de cena e seu filho Isaque, por algum tempo é o protagonista. Agora somos apresentados aos seus filhos gêmeos e aos motivos que os fizeram ficar tantos anos separados, distantes um do outro física e emocionalmente. Para que estes gêmeos viessem a existir, 20 anos de oração foram necessários. O texto diz que Isaque casou-se com Rebeca aos 40, mas eles nasceram quando Isaque já tinha 60 anos.

Repare também em algumas curiosidades deste texto: Isaque é o pai de Jacó, que terá 12 filhos, que darão origem às mais que famosas 12 tribos de Israel. Ismael, irmão de Isaque, teve ele mesmo 12 filhos.

Isaque morava com sua família junto ao mesmo poço em que Agar fora abordada por Deus para que, em humilhação, retornasse à sua senhora Sara, mãe de Isaque.

Isaque, mesmo após um novo casamento de seu Pai Abraão com Quetura, permaneceu sendo o único herdeiro, tendo seus meio-irmãos despedidos para longe, conforme o início do capítulo 25 revela.

Alguns aspectos teológicos também devem ser ressaltados:

Neste capítulo encontramos o cumprimento imediato de uma profecia feita no capítulo 16 do livro de Genesis, quando do nascimento de Ismael Deus revelou que ele habitaria fronteiriço aos seus irmãos, sem, contudo, relacionar-se com eles em paz. O capítulo 25 registra como e onde Ismael e seus descendentes se fixaram, e um bom mapa regional mostrará que as cidades circunvizinhas tinham os nomes de seus filhos.

Este registro é feito para que se confirme que a Palavra de Deus é fiel, e jamais ela volta vazia, pois, uma vez mais aquela família ouvirá da parte de Deus uma profecia. Eles estavam diante do cumprimento das profecias proferidas anos antes, e a fé deles deveria se reacender e firmar diante da nova profecia que recebiam, por meio de Rebeca que, após reclamar de seu destino como mãe, recebe a informação que seu filho mais moço seria senhor do mais velho. Para surpresa deles, eram gêmeos os bebês a quem se referia a profecia divina.

Esaú, cujo nome parece ter alguma coisa que indique sua condição de nascimento: seu corpo coberto de pêlos, e Jacó, reconhecido pela mão presa ao calcanhar do irmão que nasceu primeiro que ele, cujo significado pode ser "aquele que segura o calcanhar" ou "aquele que segue", são os filhos de Isaque, aqui apresentados à trama da redenção, que está sendo desenhada através da história.

É curioso ressaltar que as palavras hebraicas para Adão, Edom e Vermelho tem a mesma raíz. Isto significa que seus campos semânticos se cruzam, e seus significados são mui próximos.

Gastemos um tempo meditando sobre dois aspectos. O primeiro com respeito ao desprezo de Esaú e o segundo com respeito às lições gerais que este texto trás:

O desprezo de Esaú:

Ele desprezou a comida: Literalmente, Esaú chamou o cozinhado vermelho de Jacó de "coisa vermelha". Ele não se deu ao trabalho de elogiar o saboroso aroma da refeição, nem em agradecer a presença de seu irmão ali, em seu caminho, como uma providência de Deus para sua fome. Ao contrário, avacalhou o cozido, e se fosse hoje, pense na situação de uma esposa que carinhosamente prepara o alimento, poe-no à mesa e diante das delícias preparadas, ouve seu insensível marido dizer: Passa a "gororoba" pra cá!

Ele desprezou o serviço os outros: Esaú exagera a sua condição de trabalhador. Disse que estava a ponto de morrer... De trabalhar ninguém morre! De fazer nada, até pode ser... Mas certamente, Esaú enxergou que sua condição de cansaço era única no mundo, ou pelo menos, em comparação aos mais próximos, ninguém merecia mais do que ele aquela comida. Sabe a pessoa que, é só perguntar como vai o trabalho, que sua resposta parece indicar que ele é a pessoa que mais trabalha no mundo, que seu cansaço é enorme e um dia isto pode ceifar sua vida? Pois então... Este é Esaú!

Ele desprezou o serviço prestado. O texto registra em forma de "stacato" como Esaú recebeu a refeição. Ele comeu, bebeu, levantou-se e saiu. Rude e grosseiro, ele empanturrou-se e retirou-se. É certo que Jacó vendeu bem caro aquele prato, mas ao que o texto indica, não foi tão difícil para Esaú pagar! Entretanto, a maneira como Esaú recebeu o alimento é muito semelhante a muitos homens igualmente rudes e grosseiros que impõe que sua esposa lhe sirva o prato à mesa, perfeitamente montado, quente e delicioso, para comer, beber, levantar-se e sair.... sem gratidão, sem elogios, sem nada...

Ele desprezou seu direito. Por fim, o texto se encerra condenando a maneira desleixada com que Esaú lida com seu direito de filho mais velho. Nesta condição, conforme o costume antigo, o filho mais velho tinha direito à porção dobrada da herança. Se um pai tivesse 6 filhos, a herança era divida em 6 parte iguais. O filho mais velho tinha direito a duas porções e os outros 5 filhos dividiriam as 4 porções restantes. No caso de haverem dois filhos, como era o caso de Esaú e Jacó, a herança era divida em dois e como o mais velho tinha direito à porção dobrada, ele ficaria com tudo. Era seu direito e privilégio herdar tudo. Ele, Esaú, seria o responsável, quem sabe, de sustentar seu irmão, de manter e aumentar as riquezas da família... era um grande privilégio exercer este direito, e Esaú não deu a mínima importância e o vendeu a troco de um guisa vermelho como seus cabelos (daí Edom: vermelho)

Jacó, pior que seu irmão, se aproveitou de um momento de fraqueza física e espiritual de seu irmão e tirou proveito para si. Embora Jacó parece ser um detalhe, é justamente este detalhe que fez toda a diferença, para o mau...

Lições gerais:

Deus detesta quem recebe suas bênçãos com desprezo. Cuidado! Deus nos abençoa com toda a sorte de bençãos espirituais, e nem sempre é possível encontrar gratidão no nosso coração! Se já faz algum tempo que você não conta as bençãos e as diz de uma vez, ficarás supreso o quanto Deus já fez! Vigiemos e agradeçamos ao Deus de imensa bondade!

A eleição é fruto do amor divino. Nada em nós motiva o Senhor nos amar! Há, ainda, quem pense merecer de Deus alguma coisa. Repare que o amado do senhor era Jacó, que sordidamente levou para si os direitos do irmão. Jacó e Esaú ainda não eram gêmeos nascidos, nem tinham praticado bem ou mal, e Deus resolveu que Esaú seria objeto de seu ódio, ao passo que Jacó seria objeto do seu amor. Deus assim o quis e assim fez. Nada neles fez que Deus mudasse de idéia. Nenhum dos dois merecia coisa alguma, como nós. Se recebemos, é pela graça, e tão somente por isso. Não é de se estranhar que, na história, a eleição seja reconhecida como uma doutrina da graça!

O amor em família deve ser fruto de expressão e não de necessidade. Jacó era o amado de sua mãe. Ele habitava em tendas e por isso era o filho mais próximo de sua mãe. Ele se assemelhava àquele filho mais novo, ou "temporão" que fica mais tempo no lar após seus irmãos mais velhos terem se casado. Seu companheiros e "meiguice" podem ter sidos os motivos que levaram Rebeca a depositar seu amor por sobre ele. Isaque amava mais a Esaú porque se saboreva do resultado de sua caça! Os motivos pra amar um filho deveriam ser expressões de gratidão a Deus pela benção de tê-los, uma expressão do amor de Deus que é derramado em nossos corações... mas muitas famílias encontram motivos egoístas para justificarem seu amor pelos filhos! "Eu te amo porque você nunca me deu trabalho..." foi a frase que ouvi na televisão vinda de um pai que pensava declarar seu amor mais sincero à sua filha querida, mas na verdade, em sua sinceridade, declarou seu amor a si mesmo, como que diz que se seu conforto tivesse sido transtornado, seu amor diminuiria consideravelmente!

Oportunidades devem ser usadas para abençoar e não para tirar proveito próprio. Jacó pegou o irmão num momento de fraqueza. Não é incomum ver irmãos aproveitarem os momentos de dor, de perda, de queda, de falha para machucar, espezinhar, malhar, ou então tirar algum benefício pessoal da condição do outro. tal coisa não deve existir dentro da igreja jamais! Lembremos que Jacó perdeu uma oportunidade de serviço e de ser benção na vida do irmão, antes, se aproveitou para tirar para si proveito da situação. Use as oportunidades que Deus concede para ser um instrumento de bênção, e sempre considere seus irmãos em honra, preferindo-os à si próprio!

Deus abençoe e até a próxima!

2 comentários:

  1. Olá Pastor Jônatas, Fiquei feliz em ter o estudo sobre Gênesis 25, publicado no blog. Foi um estudo rico em detalhes e isso nos deixa com vontade de estar presente no próximo estudo. Que Deus o abençoe em cada estudo, para nos abençoar também.

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  2. O estudo em Gênenis está sendo enriquecedor! Pena que eu não pude ir hoje devido à chuva. Que, provavelmente, foi em Gn. 26... Mas, aguardo a publicação do texto no Blog. Assim, não perco a sequência.

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