quinta-feira, 24 de março de 2011

O governo abençoador de Deus sobre os homens bons e maus

Bençãos, povo de Deus!


Hoje vamos meditar num porção razoavelmente longa, pouco conhecida, mas rica em significado. Esta é a história da despedida de Jacó da casa de Labão. Este, sogro e tio, usou de muita má fé com Jacó. A história de hoje nos reserva momentos de grande indignação, alguns risos, e esperança no que Deus tem reservado para aqueles a quem quer bem.


Nosso texto começa com o anúncio da partida de Jacó (Gn 30.25-26). Jacó entende que este é o tempo que deveria sair daqueles terras e retornar para seu lugar de origem. Provavelmente após os 14 anos que trabalhou por suas esposas. É importante notar que durante todo este tempo e depois de tudo o que passou, Jacó nunca se entendeu como um participante daquela cultura. Jacó se refere a Canaã como "meu lugar e à minha terra", mostrando que lidou com Arã como terra estranha, e se via a si mesmo como um peregrino!


Labão pede que fique: Labão demonstra um correto entendimento, unido a uma terrível egocentricidade. Labão sabe que a ausência de Jacó redundará em ausência de bênçãos, pois o que ele tem experimentado de riquezas e prosperidade vem do Senhor, e é em virtude do amor que Ele tem por Jacó. Suas razões egoístas comtemplam estes elementos, e você pode conferir em Gn.30.27-30.


Jacó percebe que se for construir sua vida agora, nada terá, e aceita a oferta insultante e humilhante de Labão e eles acertam o $alário: Jacó pede que se separe dentre o rebanho de Labão os animais malhados, salpicados e listados. Estranhamente Labão concorda de pronto! Tudo não passou de um estratagema para enganar Jacó, mais uma vez... Tão logo selaram o trato labão trapaceia (Gn 30.35-36), e sordidamente separa do rebanhos os animais que configuravam no trato e os dá a seus filhos, roubando de Jacó sua porção, e os separa 3 dias de jornada, para que Jacó não percebe a trapaça. Labão somente esqueceu-se que Deus tudo vê, e mais à frente Ele o dirá a Jacó...


Nosso texto prossegue relatando o que Jacó fez diante de todos os fatos: trabalhou sem murmurar! Jacó dá início ao seu laborioso trabalho (Gn 30.37-43), e o texto resume a questão dizendo que desta forma Jacó acumulava grandes riquezas!


No capítulo 31, a família de Labão, tão ordinária quanto ele, e igualmente gananciosa, via que a cada dia Jacó enriquecia, ao passo que Labão caminhava rumo à bancarrota. Jacó percebe que a coisa não estava boa para o seu lado, e interpreta os fatos entendendo que Deus foi o autor que agiu providencialmente em seu benefício! (Cf. Gn 31.1-13)


Jacó apresenta sua interpretação para as esposas, e elas concordam com Ele (Gn 31.14.-16). Elas reconhecem aqui que foram tratadas como mercadorias, e portanto, vendidas à Jacó que por elas trabalhou arduamente. Elas percebem que seu Pai houvera gastado o "valor" que seria referente aos dotes. Isto porto, Jacó levanta acampamento e parte das terras de Labão rumo ao seu lar (Gn 31.17-21).


Neste ínterim, Raquel, que já havia demonstrado idolatria vinda do íntimo do coração, rouba furtivamente os ídolos do lar de seu pai (Gn 31.19). O problema real e grave é que Raquel abrigava aqueles ídolos em seu coração, e ainda que estivesse disposta a deixar sua casa, suas coisas e até seu pai, não estava disposta a deixar seus ídolos! Ela cria que de alguma forma, os deuses de seu pai a abençoariam, por isso ela os levou. Talvez ela cresse que houvesse um Deus que governava a terra, mas estava muito distante e inacessível para que ela o manipulasse a favor do seu conforto. Repare que Raquel pecou para conseguir o que queria e pecou para manter o que obteve. Ela queria um deus que lhe desse o que ela pensava precisar, um deus que ela pudesse roubar, que pudesse esconder. Ela queria um deus que pudesse levar na bolsa!


Labão sabe do ocorrido e sai no encalço de Jacó e sua família (Gn 31.22-24). Como eu disse no estudo bíblico, não me perguntem por que Deus resolveu falar com Labão. Sabemos somente que Deus é soberano, fala com quem quer, e faz tudo conforme lhe apraz. Outrossim, é bom saber que Deus é o Deus de toda a terra, e não somente dos cristãos...


Num momento irônico e bem engraçado, Labão tenta repreender a Jacó. Quase que é possível ver o rosto de Jacó esboçar um rido ligeiro ante às palavras de Labão: "Por que fugiste ocultamente, e me lograste, e nada me fizeste saber, para que eu te despedisse com alegria, e com cânticos, e com tamboril, e com harpa?" Podemos imaginar uns motivos, não?!?!?


Labão está mais preocupado com seus ídolos, e investiga o acampamento de Jacó. Ele não irá encontra-los porque Raquel está sentada em cima deles! Ela mente que está menstruada para que seu Pai não tente apalpar e por fim encontrar o que está perdido!


Visto que nada foi achado, Jacó prova sua inocência em todos os casos, desde a aquisição das esposas até a presente situação (Gn 31.36-42). Jacó e Labão fazem uma aliança (Gn 31. 43-55) e na saída, Jacó batiza o acampamento de Maanaim. Isto é bastante significativo, pois Jacó, embora com seus muitos erros, é um homem disposto a sempre que pode, reconhecer que Deus se achou em seus caminhos. Mais tarde o sábio registrará "Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas. (Pro 3:6 ARA)". Jacó cria nisso e Deus cumpriu em sua vida esta promessa!


Jacó também experimentou o que Deus revelou a Moisés e este registrou no livro de Deuteronômi, cap. 28: Tanto as bênçãos quanto as maldições possuem o mesmo cabeçalho: "virão e te alcançarão". Se por um lado é muito ruim saber que não o que se possa fazer para se livrar das maldições decorrentes da quebra da lei, por outro é altamente consolador e bendito saber que também não há o que se possa fazer quando Deus quer abençoar alguém! As bençãos correm e alcançam, e pronto final! Não há pecado, trapaça, ou qualquer força criada ou imaginada que possa impedir Deus de abençoar a quem ele quiser fazê-lo!!!


Então...

Vivamos como peregrinos nesta terra;

Não murmuremos antes às justiças sofridas, Deus tudo vê e de todos é juiz;

Reconheça ação providente de Deus em sua vida;

Entregue seus caminhos ao Senhor;

Fuja dos ídolos!

quarta-feira, 23 de março de 2011

Entre filhos e ídolos

A história

Na última semana estudamos o final do capítulo 29 de Gênesis e avançamos 26 versículos no capítulo 30. A temática da providência se unirá a outra que caminhará conosco doravante: idolatria no coração. Repare que tem que ser assim: Moisés está caminhando com o povo pelo deserto e lhes contando a história de seus pais, na fé e na raça. Eles não seriam somente tentados à idolatria pelos deuses exteriores com os quais estavam acostumados no Egito, mas também por todos aqueles menores que poderiam carregar tanto nos bolsos, quanto no coração!

Jacó se via dividido, não somente por estar casado (1 Co 7.34) mas principalmente por estar casado com duas irmãs que eram rivais! O engano de seu pai fez com que estas duas irmãs acabassem por ter a Jacó como marido e a luta por seu amor e atenção, pela primazia no lar e a constante disputa na concepção dos filhos deu àquele lar inúmeros exemplos de como nossos sentimentos idólatras podem nos cegar frente às maiores bençãos... Raquel e Lia, esposas de Jacó, por causa de seus desejos corrompidos, tornaram a grande bênção da maternidade num joguete para concentrar em si o amor do marido.

Os filhos de Lia (primeira fase)

Nesta primeira fase, Lia concebeu e deu à luz 4 filhos: Rúbens (que significa: Ele viu minha tristeza), Simeão (aquele que ouve), Levi (Unido) e Judá (Ele será louvado). Embora os significados dos nomes fossem redimidos pelo Senhor, sua motivação foi a mais egoísta possível. Por exemplo, Levi, que poderia significar que Deus estivesse mais unidos à família, ou coisa semelhante, na verdade dizia respeito ao desejo de Lia de ter a Jacó unido mais à ela que à irmã (vs.34). É somente quando concebe a Judá que ela se lembra do Senhor. Curiosamente é do tronco de Judá que sairá o Messias!

Os filhos de Bila

Vendo Raquel que os anos passavam e seu ventre não frutificava, ofereceu Bila, sua serva para que através dela tivesse filhos. De Bila lhe nasceram então: Dã (Juiz) e Naftali (Luta). Novamente os nomes apontavam para a rivalidade entre as irmãs. Mais um exemplo disso é Naftali, pois com grandes lutas Raquel vinha competindo com a irmã (vs.8).

Os filhos de Zilpa

Para não ficar para trás, Lia também oferece sua serva, Zilpa, e dela lhe nascem: Gade (Boa sorte!) e Aser (Feliz). Nem é preciso dizer que os nomes continuam apontando para a rivalidade crescente entre as irmãs, não é?

Os filhos de Lia (segunda fase)

Esta segunda fase aconteceu graças a um terrível trato entre as irmãs rivais. Rúben, filho mais velho de Lia voltava do campo com mandrágoras, planta usada, entre outras coisas como um afrodisíaco, quando Raquel lha pede. Lia se indigna, mas cede ao torpe trato de alugar o marido pela planta em troca de uma noite de amores. Lia aceita de desta situação e volta a engravidar, dando à luz: Issacar (recompensa) e posteriormente Zebulom (honra).

O filho de Raquel

Finalmente Raquel concebe e dá à luz José (possa ele acrescentar).

Rivalidade idólatra

Podemos achar, enganados, que esta história fala de amor, do amor das esposas pelo marido... ou a busca dele! Mas na verdade, corrigindo a perspectiva, de fato fala de amor, o egoísta amor a si mesmo que estas mulheres demonstraram.
Raquel, antes de oferecer sua serva a Jacó, acusou-lhe de não lhe dar filhos! Sua cegueira era tamanha que entendia que quem privava seus ventre de filhos era o marido. Seu clamor é claramente idólatra; veja no cap.30, vs 1: "Dá-me filhos, senão morrerei".

Desejar ter filhos não é algo mau em si mesmo. É um bom desejo. Mas todo desejo, quando aumenta demais à ponto de controlar nossa vida, passa a ocupar o lugar de Deus. Este controle pertence a Deus, e quando um desejo usurpa este lugar, ele é um ídolo! Raquel acreditava tanto que ela precisava de um filho, que, como seu deus, ele entendeu corretamente que sem ele não haveria vida, e à sua ausência, era preferível a morte...

O ídolo, no coração, tem algumas características que devem ser ressaltadas e que são facilmente vistas nesta narrativa. Primeiro que por definição, todo ídolo promete e não cumpre, logo, ídolos produzem um altíssimo grau de insatisfação. Observe que tanto Raquel quando Lia, e esta última mesmo tendo filhos, não estavam satisfeitas; o que dava sempre prosseguimento à constante rivalidade. A insatisfação idólatra, crescente e egoísta é lamentavelmente vista em todo a sua clareza quando Raquel finalmente concebe. No lugar de uma profunda alegria pela benção de finalmente provar as delícias da maternidade, Raquel olha para seu bebê e só consegue pensar em que "dê-me o Senhor ainda outro filhos"! Apesar de temporariamente alegre, o nascimento de seu filho não satisfez seu coração, que se revelou através da infame afirmação de seu desejo por mais um filho.

Lia também dá mostra de seus desejo desordenados. Quando lhe é oferecido o aluguel do proprio marido, fica claro que Lia tinha mais que olhos "baços", tinha cegueira espiritual: O desejo de ser aceita e ter o amor do marido a cegou. Seu desejo cresceu tanto que ela estava pronta para pecar para obter o que tanto queria: o amor e a atenção do marido só para si! Lia estava irada (vida palesta sobre ira, pois uma coisa que sabemos sobre ira é que, se você está, ou disposta a pecar para obter, ou peca quando não obtem, então temos um sinal de ira presente).

A ironia desta história vai terminar alguns anos depois, quando o Senhor concede à Raquel outra concepção. Mas quando obteve de Deus o que houvera pedido, morria durante o parto. Ela inicialmente nomeou seu filho de Benoni (fiho da minha tristeza). O que ela havia adora e pensado que tratia benção, acabou por causar-lhe a morte! Os ídolos são assim: prometem vida, entregam morte... O irônico é que a mulher que disse "dá-me filhos senão morro", morreu tendo um filho!

Reflexões

De que precisamos tanto nesta vida a ponto de entender nossa existência à partir dela? O que eu preciso ter para que minha vida tenha significado? O que precisamos para ser feliz? Qualquer resposta a estas perguntas que vão além de Deus apontarão para aquilo que tem servido para mim como um deus...

Para vasculhar o coração, é bom perguntar sobre o que nos dizemos "dá-nos isso ou morreremos"?

Por fim, vasculhe também o que você estaria disposto a pecar para obter?

O que nos governa é nosso deus... Se nossos desejos crescerem ao ponto do governo, então os ídolos estão se instalando... Deus tenha misericórdia de nós e ouça nossa oração: Não nos deixe cair em tentação, mas livra-nos do mal!

quinta-feira, 10 de março de 2011

1 Co 7. 25-40 - Para Virgens e Viúvas: Como avaliar o casamento em tempos de tribulação

Gênesis 29.1-30: Vontade do homem e Vontade de Deus

A história desta semana, contada em Gênesis 29, versos 1 a 30 é a história do casamento de Jacó, filho de Isaque e Rebeca. Jacó foi enviado para Harã para encontra dentre os parentes alguém com quem construir a vida.
Num ato de pura providência, Jacó aquieta-se próximo de um poço protegido por uma pedra. Nas proximidades estavam alguns pastores com seus rebanhos ajuntados, recolhidos, e isto num horário pouco comum. Aqueles pastores, vindos da região de Harã não só conheciam a Labão, irmão de sua mãe, como lhe apresentaram sua filha, Raquel, de impressionante beleza física.
Jacó, com força quase sobre-humana, como naqueles episódios em que uma frágil mãe encara um jacaré para salvar os filhos, ou um homem arrasta um carro com as próprias mãos para livrar-se daquilo que o impede de socorrer sua amada esposa, ele retira a pedra de cima do poço e dá de beber à Raquel e aos rebanhos de Labão, a quem Raquel apascentava, por ser pastora. Este encontro providencial é mui semelhantes ao encontro registrado em Gênesis 24.11-33.
Labão é informado pela filha da façanha e convida Jacó a ter com ele. Labão o recebe por um mês como visita, mas no lugar de lhe oferecer uma lugar na família, lhe oferece um emprego. Labão não trata dignamente seu parente, antes o trata como um mero trabalhador.
Um acordo é selado entre os dois e Jacó pede a mão de Raquel em casamento após cumprir penosos 7 anos de serviço. Seu amor e encanto por Raquel era tamanho que o registro bíblico deixa claro que sua paixão ardente consumiu aqueles 7 anos como se não foram...
Mas Labão não houvera deixado claro os limites do acordo nem os costume locais, e bom bases nesses justifica seu engôdo: Lia é quem fora conduzida à câmara de núpcias no lugar de Raquel. Lia era a irmã mais velha de Raquel, a quem faltava beleza física, por ter os olhos "baços". Impossível, pelo menos para mim, determinar do que significava ter "olhos fracos": eram vesgos? Tinha remela? Eram simplesmente feios, caídos? Não se sabe. O que se sabe é que tanto Labão quanto Jacó claramente escolheram Raquel e rejeitaram Lia.
Enquanto o engano se concretiza, a providência se delineia e sela. O tema providência cresce e continua a acompanhar a história bíblica nos próximos capítulos. O casamento acontece, mas quem se casa é Lia!
Um dado a se reparar é que Raquel, a bela, era estéril; enquanto Lia, a rejeitada, fértil. Labão tratou as filhas em conformidade com seus nomes: como mercadorias, animais para se negociar (Raquel significa ovelha e Lia significa vaca selvagem, ao que tudo indica). O resultado inusitado revelava as linhas da providência desenhando um figura mais ampla e revelando as escolhas divinas em contraste com as escolhas humanas.
Deus usaria a filha e esposa desprezada para trazer ao mundo os pais das tribos da linhagem sacerdotal e messiânica. Levi e Judá, pais destas linhagens, são filhos de Lia! Enquanto Jacó escolhia Raquel, Deus escolheu que Lia seria o instrumento para concretização de seus planos redentores, e ainda mais: que Jesus viria da linhagem dela, por meio de Judá!
Estas breves reflexões no texto bíblico renderam as seguintes lições:
A nossa escolha nem sempre reflete a escolha de Deus. Jacó esqueceu-se de consultar a vontade de Deus para sua vida, como muitas vezes também o fazemos...
Deus age providencialmente, levando à cabo seu plano redentor. As nossas escolhas, más ou boas, não determinam a frustração dos planos de Deus. Na verdade, tal como foi com Satanás e suas patéticas tentativas de frustração do plano divino encaminhado Jesus à cruz, acabaram por cumprir o intento Eterno. Deus sempre vence, e o faz maravilhosamente por sua soberana providência.
Deus atenta ao desprezado. Nossos sentimentos de compaixão vem de Deus. muitos pensam que o inverso seja verdadeiro, e que Deus se comova conosco. Na verdade, nossa comoção é um reflexo do cuidado geral que Deus tem para com os desamparados. Este cuidado, embora não seja redentivo muitas vezes, é real e exige de nós mais amparo com aqueles desvalidos com quem Deus se preocupa também!
Semana que vem tem mais... abraços!

Lições da Quarta-feira: Gênesis 27-28

Na semana passada pudemos estudar os capítulos 27 e 28 do livro de Gênesis. Sob o título eleição, providência e soberania, relembramos a história da bênção que fora concedida a Jacó no lugar de a ser para Esaú, o primogênito.

O que vimos?
Vimos que Isaque, pai dos gêmeos, pede seu prato favorito. O texto parece indicar que Isaque estava padecendo de alguma enfermidade que o fez pensar que seu tempo estava no fim. Rebeca, a mãe, ouve o pedido do velho Isaque e dá início à trama, pois uma clara divisão familiar se delineia no texto: Isaque tinha uma clara predileção por Esaú, enquanto Rebeca tinha mais apreço por Jacó.
à princípio Jacó duvida de que o plano materno dê certo, pois teme que no lugar de receber a bênção do pai, pela tetantiva de engano, seria duramente amaldiçoado. Exortado a confiar na sagacidade da mãe, Jacó dá continuidade ao plano. Esaú tinha saído para caçar o alimento para o pai, e enquanto isso Jacó prepara um guisado com o que já tinha por perto. Uma caçada como a que saiu para empreender Esaú poderia tomar mais que um dia inteiro. Tempo mais que suficiente para que Jacó e sua mãe enganassem o pai, Isaque.
Quanto tudo estava pronto e Jacó entra na tenda de Isaque, a cegueira do velho o impediu de reconhecer a Jacó, embora pela voz o tenha identificado à princípio. Insistindo Jacó ser Esaú, o pai confere a pela de ovelha amarrada aos braços e pescoço. O prato é servido e Isaque se delicia com o alimento, pede que o filho se aproxime para um beijo fraterno, aspira o odor das roupas de Esaú, com as quais Jacó estava vestido, e promulga a tão esperada bênção.
Logo em seguida chega Esaú. A fraude é descoberta e por mais que Esaú rogue com grandes rogos por mais uma benção, Isaque invoca uma espécie de "maldição". Irritado e entristecido, Esaú jura de morte a seu irmão Jacó.
Na sequencia, o relato bíblico nos diz que Rebeca, se valendo de seu mau costume, mais uma vez ouve a conversa e trama mais uma vez. Racionalizando seus verdadeiros motivos, convence a Isaque que envie Jacó numa jornada rumo à casa de seus parentes para que não faça como Esaú e se case com alguma filha da terra em que habitavam. Jacó é enviado a Padã-Arã. Esaú piora seu estado casando-se novamente, desta vez com uma parenta de Ismael, irmão de seu Pai.
Jacó acampa num lugar chamado Luz e recebe uma visão, a famosa visão da Escada. Jacó batiza o local de "Casa de Deus", que o que significa Betel.

Comparações providenciais
Repare que assim como Abraão, de Isaque saíram duas grandes nações. Seus filhos foram os cabeças de povos. De Abraão saíram os povos filhos de Ismael e Isaque. Do escolhido Isaque saíram os povos referentes a Esaú (Edom) e Jacó (Israel).
Outras questões nos saltaram aos olhos, como por exemplo, a seguinte relação: Sara, esposa de Abraão, bela e santa, era estéril. A beleza de Rebeca também chamou a atenção, e esta, esposa de Isaque, também era estéril. Muitos anos depois teremos Maria, esposa de José, era virgem. O que estas três têm em comum? Filhos! Em todos os casos houve a ação sobrenatural de Deus, necessária para o prosseguimento do plano redentivo!
Uma outra coisa a se notar é a história que cerca os primogênitos e a divina eleição: Abraão e seu primogênito geram uma história controversa. Seu primogênito não eleito, Ismael, e curiosamente, seu também primogênito Isaque. Mães diferentes, mesmo pai, ambos primogênitos... E Isaque? Também possui história controversa: Seus gêmeos nasceram, mas a Esaú coube a primogenitura. Esta foi vendido a preço de lentilhas, e Jacó, primogênito por contrato, recebe a bênção do primogênito. Em ambos os casos, de Abraão e Isaque, o mais novo foi aquele que o Senhor elegeu para servir como seu agente pactual. Algo importante a se notar, uma vez que a prioridade e a honra sempre ficavam por conta do primeiro filho! Estes casos revelam a soberana Eleição que Deus faz (Romanos 9.10-16).

Lição para nós:
O Deus redentor é um Deus que intervém. Não fora Deus ter agido, não haveria descedência messiânica.
O mundo se divide somente em duas linhagens gerais: perdidos e salvos. curiosa, mas providencialmente, Os dois primeiros patriarcas tiveram dois filhos, e uma clara diferenciação foi feita: um era eleito, agente do pacto; o outro não!
A eleição acontece apesar de nós, e não por nossa causa. A eleição é pela graça e não depende de nossas ações, ou fé, ou qualquer coisa que o valha. Se observamos bem, os eleitos não "valhiam grande coisa", mas Deus os escolheu para lapidar a fé, o comportamente e a moralidade deles.
O Senhor governa soberanamente a História apesar das falhas da humanidade pecadora. Deus não refaz seus planos à partir de nossas astúcias. O que fica bem claro é que os acontecimentos, tortos ou acertados, manchados pelo pecado muitas vezes, cooperaram maravilhosamente para que o desígnio de Deus se mantivesse e sua vontade chegasse à bom termo.
A fé não tem heróis perfeitos. Esta última lição é preciosa: O cristão não tem heróis de quem é fã. Seus "heróis" são falhos, mas o Deus é perfeito. O que a História bíblica revela não são pessoas maravilhosas, isentas de erros, mas um Deus cuja perfeição e soberania ultrapassam todos os limites, e perpassa por entre os feitos humanos, rumo à concretização de Sua vontade.
Até o próximo capítulo...